Como venci uma competição de negócios fora da minha área

No último final de semana eu participei do Hackathon Smart Agro, uma competição de tecnologia voltado ao agronegócio, aqui em Londrina. Foi minha primeira vez em um Hackathon, onde consegui conquistar o primeiro lugar, junto com mais 3 profissionais.

Complicado para quem já trabalha com consultoria em um primeiro momento pensar “Nossa, vou lá trabalhar de graça?”, mas esse é um pensamento que logo passa quando você analisa os ganhos.

Eu sinceramente não gosto muito de competir, porque na verdade eu não sei perder.  É algo que estou sempre me treinando, afinal faz parte da vida. Mas eu bem repeti várias vezes que “Se não for pra subir no pódio, nem saio de casa“. Algumas pessoas poderiam até me achar prepotente, mas essa confiança já é o primeiro passo para a vitória.

Foram propostos alguns problemas do setor e as equipes tiveram 50 horas para apresentar uma solução tecnológica. Haviam 70 participantes e 16 equipes concorrentes.

Essa foi uma experiência tão marcante quanto o dia em que pedi demissão em plena crise e o RD Summit 2016, por isso resolvi contar todo meu aprendizado neste artigo.

O que me motivou a competir nesse Hackathon?

Bem, quando recebi o convite de uma amiga ele casou bem com meus objetivos profissionais, pois eu já estava “paquerando” o setor do agronegócio, embora não conhecesse suas peculiaridades. Foi assim, que o foco do pódio foi ficando menos importante, eu coloquei na cabeça que mesmo que não ganhasse prêmio nenhum o fato de fazer networking e aprender sobre agronegócio seria uma oportunidade ímpar.

Além disso, a oportunidade casou também com a  necessidade de desenvolver e testar algumas habilidades minhas que eu não me sentia muito confiante: liderança, pressão e principalmente trabalho em equipe.

Equipe formada para o Sucesso

Confesso, que para mim ter uma boa ideia e fazer marketing não é problema, o desafio mesmo é me engajar em um time que trabalhe harmoniosamente, comprometido e focado no mesmo objetivo.

Foi por isso que ao configurar a equipe,  nós alinhamos entre as participantes nossas expectativas, objetivos e habilidades para que o time se completasse e no futuro tivesse maior chance de se tornar um negócio lucrativo. Vimos que todas queriam empreender e estavam com o mesmo “brilho nos olhos”.

Meu time foi formado estrategicamente por 4 mulheres, sendo 2 do agronegócio, 1 de tecnologia e eu de marketing.

Foi também uma boa oportunidade para testar comportamentos: será que esse time seria realmente parceiro? Eu queria saber se ia me dar bem com elas, antes de compartilhar o mesmo contrato social 🤔

Resistência Física

 

Eu imaginava que precisaria de uma boa resistência física para aguentar as 50 horas de trabalho direto. Porém, esqueci de calcular o desgaste psicológico e emocional. Nós trabalhamos mais de 15h seguidas em um mesmo dia e teve equipes que passaram a noite no local, dormindo apenas algumas horas.

Nosso time não sacrificou as 8h mínimas de descanso, fomos dormir em casa.  Para nós a saúde está em primeiro lugar. Saúde também é vantagem competitiva, nós sabíamos que sacrificar o sono seria perder muita performance e produtividade durante o dia.

Mesmo assim, a dor na lombar e no corpo ainda é uma herança, já passado alguns dias da maratona. Adicione aí um custo com analgésicos e massagens para por tudo no lugar  😉

Inteligência Emocional na Prática

O fato de sermos em 4 mulheres e eu ser responsável pelo pitch de vendas, ou seja, a apresentação pesava muito: eu não podia decepcionar. A banca foi composta por 14 jurados, todos autoridades de empresas exponenciais do mercado que eu desejava entrar então era uma boa oportunidade para abrir portas, ou fechá-las de vez. Mesmo com confiança no meu potencial, havia uma pequena insegurança de não dominar totalmente a parte técnica do setor.

Foi aí que eu me surpreendi, sendo obrigada a desenvolver uma habilidade que nem sabia que tinha: confiança no time. Como eu trabalho sempre sozinha, isso é bem difícil pra mim ainda mais conhecendo muito pouco as meninas.  Mas eu percebi, que tinha junto comigo duas grandes mulheres Yara e Marizangela, com muita experiência no agronegócio, então eu precisava apenas absorver o melhor delas e transformar isso em argumentos de vendas.

Nós fizemos 2 reuniões antes do evento, onde elas deram aulas sobre como funciona o setor, dores, hábitos e regras de negócio. Isso foi bem cansativo pra elas e muito pra mim que precisava absorver aquele caminhão de informações e termos novos.

Por outro lado, também foi bem difícil lidar com a pressão do time, uma vez que elas não me conheciam muito bem para confiar nas minhas habilidades. Nesse aspecto, eu aprendi que primeiro é preciso vender a ideia internamente para o seu time e só depois envolver outras opiniões.

Pouco antes da apresentação,  fiz 2 ensaios para elas me avaliarem e aprovarem a forma como seria apresentada a ideia. Esses testes foi como se eu tivesse corrido 2 maratonas, tamanho desgaste físico. Eu respirava, e parecia que o ar não entrava nos pulmões. O coração batendo muito acelerado e mãos sempre tremendo. Então eu fui dar uma volta e comer um doce para soltar a tensão =)

Mentores fizeram a diferença

Talvez esse seja o ponto que mais gostei: poder absorver e aprender com a mentoria de grandes profissionais da região. A todo momento chegava em nossa mesa um profissional de gabarito oferecendo ajuda.  Uma oportunidade dessas no mercado é bem difícil. O bacana é que cada hora era um profissional de áreas diferentes. Essa multidisciplinaridade de mentoria ajudou muito em finanças, mercado, monetização, tecnologia, comunicação, etc.

Além disso, os mentores também nos conectavam com outras pessoas e organizações que agora poderão nos ajudar na execução da ideia. Acredito que foi o evento de maior qualidade de networking, pois foi possível conversar a fundo com cada mentor que estava ali trabalhando de forma voluntária. Teve conversas de 5 minutos que mudou radicalmente o curso do projeto.

Essa experiência de falar com várias pessoas e aceitar ajuda é algo que quero levar pra minha vida. Agora quando tenho a possibilidade de conversar com alguém que possa contribuir em algum aspecto eu penso  “mentoria ajuda muito e eu preciso ir atrás, não virá na minha mesa” rs.

Lidar com Frustração e acolher críticas

Nessas inúmeras conversas foi preciso administrar bem as frustrações. Cada pessoa da área que dizia que da forma que pensamos não iria funcionar era um ‘balde de água fria” na cabeça. Alguns times já desanimaram ao ouvir o feedback negativo, mas nós conseguimos acolher as críticas e transformar elas em melhorias.

Eu vejo isso como um grande exercício de humildade e resiliência, onde precisamos reconhecer os pontos fracos do projeto e fechar as brechas para o fracasso.

A venda da ideia está nos bastidores

Existia sim muita preocupação de todos os times com o momento da apresentação, mas o que ninguém percebeu é que a venda da ideia estava nos bastidores, não no palco.

A cada pessoa que passava pela nossa mesa ou que falávamos do nosso projeto, já vendíamos a ideia. Isso porque explicamos bem certinho e acolhemos a sugestão de cada um. Esse relacionamento na mesa gerou uma percepção positiva do grupo. Na hora da apresentação nós já tínhamos uma pequena torcida. Nós percebemos também o buzz gerado, com os comentários e expectativas que nos cercavam.

No momento da banca, eu confirmei que alguns jurados ou instituições haviam passado por todas as mesas,  ou seja, eles tinham mesmo avaliado a equipe e possivelmente levantado algumas primeiras impressões durante a competição.

Meu Primeiro Pitch de Vendas

Não vou dizer que fiquei com medinho de apresentar, porque eu amo fazer isso. Mas ver uma bancada de autoridades dá aquele frio na barriga delicioso. Antes de provar algo a eles, eu gosto de provar para mim mesma.

Foto arquivo pessoal

Um detalhe que faz muita diferença é entender quem está te avaliando e quais são os critérios. Sabíamos que a banca seria composta por empresários, maior parte deles agrônomos. Então a abordagem não poderia ser tecnológica, tinha que ser mercadológica e comprovada por números e pesquisas que fizemos. Na verdade, todo investidor quer ter essa percepção: se o projeto é rentável, se há pessoas qualificadas para executar e se foi validado pelo mercado.

A primeira coisa que fizemos quando a competição começou foi usar os critérios da banca como roteiro para o projeto ou seja: Modelo de Negócio (monetização), Inovação e Experiência do Usuário, Maturidade da Solução, Composição e Experiência do Time, Benefícios e Impacto. Todos esses critérios foram contemplados na apresentação e no projeto.   

Mesmo eu sendo Relações Públicas e acostumada a falar em público, não menosprezei o ensaio. Fiz 2 ensaios cronometrados e avaliados pelo time que corrigiu alguns tropeços. Ter pessoas que olhem de fora e te aponte o que precisa corrigir ótimo!

Ganhar era um desejo, não uma Prioridade

Depois de todos essas observações, você já deve ter percebido que ganhar a competição ficou em segundo plano, por isso tivemos até um “delay” na hora que ouvimos que tínhamos vencido 😂

sentimento de me superar em todos esses aspectos e saber que o meu trabalho realmente tem potencial foi incrível. Foi tanta adrenalina que mal comi e no dia seguinte parecia que tinha sido atropelada, de tanta dor no corpo. Mas, eu vivo dizendo que o que não me desafia, não me motiva.

Lidar com Exposição

Antes da premiação eu até pensei “e se a gente ganhar? como vou me comportar” e logo afastei esse pensamento porque achei que era prepotência da minha parte, rs. Mas algumas situações me pegaram de surpresa, pois lidar com a demanda de pessoas pedindo informações, parabenizando e fazendo entrevistas foi puxado. Pensei que ia descansar no dia seguinte, mas fiquei só fazendo assessoria de imprensa, rs (nãoo que isso seja ruim tá?)

Além disso, administrar minhas próprias ansiedades e a euforia da equipe também foi complicado em um primeiro momento. Sei que esse prêmio não é nada e que talvez em breve as pessoas já até esqueceram, de tão passageiro, mas o aprendizado que fica é muito grande.

Há quem diga que o Hackathon foi apenas um evento e já passou, mas eu discordo. Lá foi uma amostra muito real do que já acontece no mercado, então é possível prever muita coisa.

Uma grande lição que ficou pra mim, é que eu nunca tinha ganhado, simplesmente porque nunca havia competido. Se você não se coloca em movimento, as coisas não acontecem.

Sucesso depende de Pessoas

Você pode ter uma ideia sensacional, mas se ela não for viável e aplicável na prática, não adianta nada. Você pode ter tudo isso, mas se não tiver gente parceira e capacitada para entregar também não vai acontecer nada. O sucesso de um projeto está na execução e isso demanda uma equipe comprometida, motivada, engajada. Eu não teria conseguido nada disso sozinha.

Durante a minha apresentação, uma das minhas parceiras passou mal de nervoso naqueles 4 minutos de pitch. Eu vi isso com muita empatia e pra mim foi bom ver que eu não estava sozinha e que tinha mais pessoas carregando a responsabilidade e a tensão comigo. A empatia dos colegas de trabalho nos motiva, enquanto o egoísmo destrói.

Planos Futuros

Bem, eu queria muito entrar no agronegócio pela porta da frente e repeti isso algumas vezes. A resposta que obtive de várias pessoas foi que esse prêmio, abriu um portal de oportunidades. Além da visibilidade profissional, networking, aprendizados e conhecimento temos ainda a chance de entrar em uma aceleradora para lançar a startup e quem sabe um dia ficar milionária? Quem não sonha, não realiza né?  

Sobre o nosso projeto: DigiSafra

De modo geral nossa proposta foi um aplicativo para compra e venda digital de soja e milho.  Onde o produtor pode vender sua produção e assinar eletronicamente os contratos. Já a cooperativa pode gerenciar os contratos on-line e prever potencial de negócios com base nessas informações.

Esse projeto terá o uso de tecnologia blockchain, que basicamente pode ser definido como uma estrutura de dados que representa uma entrada de contabilidade financeira ou um registro de uma transação. Cada transação é digitalmente assinada com o objetivo de garantir sua autenticidade e garantir que ninguém a adultere, de forma que o próprio registro e as transações existentes dentro dele sejam considerados de alta integridade.

Toda ajuda é bem vinda

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Sou consultora de marketing digital em Londrina, e ajudo empresas a venderem mais oferecendo serviços de consultoria, operação e treinamento em marketing digital, com foco no Inbound Marketing.

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